quinta-feira, 28 de abril de 2011

Divã


- Eu não sou nenhum pouco fã de relógios. Os acho objetos detestáveis.
- Sério? E por que?
- Pela simples função deles: marcar a hora. Determiná-la, na verdade. De qualquer maneira mostrar para quem o olhe que o tempo não para e não vai parar nunca, tampouco esperar por qualquer um de nós. Isso me entristece. Odeio isso.
- Que irônico, Letícia Souza.
- O que é irônico, Doutor?
- O fato de você odiar relógios e querer de todos os jeitos possíveis, e desconfio que até dos impossíveis, morar somente na cidade do mais popular e pontual relógio do mundo: Big Ban, em Londres. hum, irônico. E o que mais você gostaria de me contar?
- Bem, eu... Eu sempre escrevi sobre os mais diversos tipos de sentimentos. Raiva, saudade e até mesmo o amor tornavam-se quase que meus amigos íntimos enquanto ia escrevendo meus textos, enquanto estivessem numa folha de papel.
Mas, quando vou falar sobre meus sentimentos para alguém tudo fica confuso e eu só sei que começo a não entender absolutamente nada.
Como que se meus dizeres não estivessem fazendo coerência alguma. E eu sei que o problema não é timidez, porque nunca tive problema nenhum a respeito disso. Bom, até tive na infância, mas até que superei tudo muito bem.
- Entendo. Você está querendo me dizer que lida facilmente com sentimentos enquanto escreve sobre eles mas, que ainda assim, falar sobre esse mesmo sentimentos em público ou para alguém qualquer, ainda é um de seus maiores desafios.
Uau! Irônico. é isso que minha análise diz sobre seu respeito. Você é irônica, Letícia Souza. Irônica sem nem perceber ou querer. E eu não realmente não entendo como isso é possível.
- Nem eu, Doutor. Nem eu.

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