sábado, 26 de maio de 2012

O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraída

É engraçado observar as pessoas dentro do ônibus. No final do dia, gosto de imaginá-las como corpos desesperados para chegar em suas respectivas casas. O que acontece depois daquilo vira história.
Gosto de pensar também no que cada uma delas vez antes de estar ali, sentada ou em pé, se segurando na primeira barra de ferro a vista. 
Uma criança, por exemplo, se estiver com a cara mais fechada, de duas uma: ou está triste por ter sido obrigada a mais um daqueles terríveis exames de sangue, ou quer apenas chegar logo em casa. Uma moça, que ao longo do caminho passa hora olhando pras próprias unhas, hora olhando a paisagem do lado de fora, de duas uma: ou está pensando em como anda desleixada, sem tempo nem para fazer as próprias unhas ou apenas quer chegar logo em casa.
O ponto é chegar logo em casa. Senão, não estariam todos ali.
É engraçado também observar uma mesma pessoa desde a hora em que ela passa pela catraca até a hora em que ela deixa o transporte público e ir imaginando todos os detalhes de sua vida. Coisas como passar o dia com o namorado, ser uma profissional muito ocupada e dona de 2 gatos, até a hora em que ela recebe uma ligação pelo celular e você fica sabendo que ela está solteira, não pretende arranjar uma namorado, ainda mora com mãe, sobrevivendo a base de bicos e que detesta qualquer tipo de animal de estimação.
É engraçado e eu gosto de perceber quantos acasos um só ambiente público pode ter. Ainda nutro a esperança de em um deles, encontrar você.


terça-feira, 22 de maio de 2012

Minha querida página do Word


Em uma das primeiras cenas de Aria e Ezra (a cena em que eles se conhecem num bar, logo na 1ª temporada de Pretty Little Liars) ele pergunta e ela acaba confessando que gosta bastante de escrever, assim como quem não quer nada, só pra ela mesma. Mesmo não recordando ao certo qual foi o reação dele, lembro da palavra "coragem".
Me deu saudade dessa época. Abrir o Word e só escrever sobre o fato engraçado na sala de aula, nem que seja para deletar depois. 
É de páginas do Word que surge a vontade de ir mais além, montar um blog e colocar ali o conteúdo de anos no Word.
E depois surge o apelo desesperado de ganhar leitores. Então se começa a aprimorar os textos, já que eles não são mais lidos somente por você e nem julgados somente pelos seus olhos.
Perigo! Como essa de aprimorar textos, surgem as primeiras cobranças. Piores são aquelas que  vem de dentro. Cobranças próprias. Antes "gosto disso, vou escrever!" agora "e se eles não gostarem? isso não está bom o suficiente!"
Começam as primeiras crises de abstinência da escrita. O autor que era excelente se transforma num trapo de um mês para outro. Tão bom seria se existisse uma rehab para os  amantes das palavras.
Essa é a fase mais difícil de que conheço. Sair da abstinência de odeias é tão demorado que eu mesma tento até hoje. As palavras simplesmente fogem de você. Dá medo e o maior desejo era o de voltar pras familiares páginas em branco do Word.
Quem sabe, talvez, esse seja o jeito de recomeçar? Abrindo o Word, como nos velhos tempos, e digitando ali as primeiras letras de algo novo de novo?